SAUDADES


'...o tempo passa rápido demais p'ra quem ama e sente saudades.
Ainda guardo muitas coisas dos dias felizes que passamos juntos. Tenho tua foto na cômoda branca do meu quarto e, no meio de todas as lembranças, sempre encontro um consolo. Agora enquanto escrevo, ouço uma música antiga falando de dores. Não sinto dor. Não é assim que quero me lembrar de ti, entre dores. Mas também não consigo, ainda, lembrar sorrindo. Há um vazio que me invade todas as vezes que penso no que aconteceu. O charme da vida é entender o que ocorre dentro de nós quando nos sentimos vazios...'

( João Paulo Massotti - Fragmentos )


Flames

( Vast )

close your eyes
Feche os seus olhos
let me touch you now
Deixe-me toca-lo(a) agora
let me give you something that is real
Deixe-me lhe dar algo que seja real

close the door
Feche a porta
leave your fears behind
Deixe os seus medos para trás

let me give you what you're giving me
Deixe-me lhe dar o que você está me dando

you are the only thing
Você é a única coisa
that makes me want to love at all
Que me faz querer amar
when I am with you
Quando estou com você
there's no reason to pretend
Não há razão alguma para fingir
that when I am with you I feel flames again
E quando estou com você me sinto arder novamente
just put me inside you
Apenas me ponha dentro de você
I would never ever leave
Eu nunca irei partir
just put me inside you
Apenas me ponha dentro de você
I would never ever leave
Eu nunca irei partir
you
Você


'...eles estavam morando tão longe que nem perceberam que a distância era, de fato, o que mais mantinha um perto do outro...'
( Fragmentos / João Paulo Massotti )

'As vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido'
( FERNANDO PESSOA )

Dia Desses

Conversando e refletindo na madrugada:

(02:27) Leonardo : palavras são muito fortes para serem ditas, assim, aos quatro ventos
(02:27) João Paulo : e muito frágeis para serem preservadas nas mãos...
Scrivimi
anche quando penserai che ti sei innamorata
Tu scrivimi
Percebo que depois de públicar o post anterior fiquei muito mais envergonhado do que imaginava
Mas, para quem me conhece: vergonha não é meu ponto forte.

Amores deCLARaradOS

Comentei, dias atrás, com alguns amigos meus que estava lendo a maravilhosa obra de J.K. Rowling, autora do bruxo mais conhecido da literatura inglesa, Harry Potter. Entre uma leitura e outra, além das surpresas da trama, fui diretamente 'azarado'. Isso mesmo! Alguém, cujo nome desconheço, pois não estava assinado, escreveu na página 217 uns versinhos que no momento fico enrusbecido ao lembrar. Sim meu caro leitor, os versinhos foram escritos para mim. Diretos e claros, usando meu nome e inclusive sobrenome escrito, pasmem, de forma correta. Como foi possível esta artimanha?! Como alguém que morre de amores por mim, sabia que casualmente eu pegaria aquele livro naquela data e, declararia seu amor por mim justamente nos três dígitos que formam a data do meu aniversário 21/07?! A quem quiser a prova, é só retirar um dos livros do Harry (não direi qual, pois deste modo perde todo o charme) e conferir. Não acho correto escrever num livro, se este não for de um todo daquele que lá escreve, mas confesso que achei que quem fez, usou de uma criatividade extraordinária. Só me resta continuar a leitura. Certo de que não encontrarei mais nenhuma surpresa daqui p'ra frente, uma vez que consegui emprestado os demais livros. Quem sabe, quando eu começar a ler Saramago algo semelhante volte a se repetir. :D
Quando chove fica MAIS triste esperar
Por alguém que NÃO vai chegar
Cor de maçã madura. Era esta a cor do telefone da sala, colocado delicadamente entre a estante e a parede branca já descascada pelo tempo em uma pequena escrivaninha marrom claro, com duas gavetas e um pequeno espaço onde havia um bloco preso a uma caneta para, em caso de urgência, usar nas anotações.
Ele estava no banho quando o telefone tocou pela terceira vez. Da primeira havia saído. Verificou a geladeira e pôde constatar que tudo nela gritava por alguma coisa comestível. Da segunda, estava ouvindo um disco antigo da Madonna no último volume e, agora pela terceira vez, no banho, ele pensou em não atender, pois não sabia das outras vezes que ele, o telefone, tocara. Enxugou-se, atravessou o corredor, mas não foi rápido o suficiente. 'Preciso de um telefone sem-fio' pensou pela milésima vez. Quando estamos no banho milhões de coisas 'inacontecíveis' (essa palavra não existe) acontecem. Lembrou então da carne que queimou quando ficou ouvindo 'Your body is mine' enquanto ensaboava as partes. Definitivamente, o chuveiro não atrai coisa boa.
'Preciso de um telefone sem-fio, ou de uma extensão maior' voltou a pensar e, enquanto se enxugava o telefone tocou novamente. Correu como um louco desvairado para atender a ligação, e poderia ser um daqueles call centers chatos oferecendo porcarias que nunca pensou sequer existir, ou a diretora da escola convocando para mais uma reunião extra depois das seis da tarde num dia extremamente quente. Mas pensou também, que poderia ser algo importante. Como o gerente da Caixa Econômica que ligava para avisar que ele era o mais novo ganhador da Mega Sena, ou o grande amor que conhecera anos atrás no velório do pai do melhor amigo e que agora estava disposto a largar tudo por ele. Mas não! Era Ana, uma amiga de infância que agora estava morando na Capital e que ligava sempre que se sentia triste e sozinha. 'Por que as pessoas ligam sempre que estão tristes e sozinhas e nunca quando estão alegres e acompanhadas' pensava ele todas as vezes. 'Vai ver que a companhia afasta a solidão e o medo e derruba o telefone, ou tira ele do gancho.'
Desta vez, porém Ana não ligou para reclamar do namorado número três (seria Paulo, ou Braulio, não lembrava mais) que esqueceu dela ao lado do banheiro masculino na 'Noite do Agachadinho'. Ela estava ligando por culpa dele. Dele. DELE?! Como assim? Não estava entendendo. Ele, pela primeira vez, era o motivo daquela ligação.
Estava pelado, sentado ao sofá da sala ouvindo o que Ana tinha para lhe falar. Sim, porque quando soubera que o motivo da ligação era ele, deixou a toalha cair e sem saber o porquê, fez questão de ficar assim: nú, sem culpa, sem panos para esconder a verdade.
Agora ela falava de uma tal de 'política de solidariedade' na qual os fundamentos estavam baseados na proteção daqueles que, mesmo ameaçados, insistiam em defender suas ideologias sendo elas, loucas e fragmentadas. Ele apenas ouvia, nem ao menos bocejava com aquela ladaínha puritana. 'Quem grita, põe a cara a tapa e não exita em mostrar a outra face.' pensou. 'Morrer por um ideal, sem prestígios de governo. Ah, o sonho de todo 'bom pastor.'' ditava para si intimamente. Na verdade ele não estava entendendo nada do que ela falava. Sabia que ela falava e, de vez enquando se permitia prestar atenção à palestra. Pelo pouco que entendeu, Ana estava preocupada com seus escritos. Sempre tão tristes, pessimistas, destruidores. Sim, escrever uma coluna semanal para o Jornal Mascates era tarefa que cumpria prazerosamente. Tudo bem que os textos, na sua grande maioria, falavam de amores inacabados, consumo de drogas exacerbadamente, sexualidade ambígua em desvantagem as tradicionais, ou até mesmo os demônios que escondemos dentro de nós e que, sem notarmos, nos tornam a casca dura e crua que somos às vezes, mas ele estava feliz com tudo isso. Poder escrever. Dividir com as pessoas suas preocupações. Seus medos. Poder divagar sobre o desconhecido sem medo de conhecê-lo. Ah, sim! Como isto tornava forte. E Ana, não compreendia. Ana, sua melhor amiga de antes.
Pensou em desligar o telefone. Pensou em dizer que tinha um compromisso para mais tarde e que agora não podia falar. Em dizer que sua mãe chegara e que agora precisava dar atenção à ela. Pensou. Todo mundo pensa este tipo de coisa. Todo mundo inventa mil desculpas. Mas, lembrou! Não haviam panos para esconder a verdade. Ela é nua e escorre pelo nosso corpo como um gelo. Derrete sobre nosso poros e é absorvida lentamente como um veneno mortal.
Depois que Ana terminou, não pensou em dizer muita coisa. Prometeu mudar. Escrever coisas alegres. Falar das festas que nunca ia. Dos almoços que não participava. Das leituras azedas daqueles romances bobos onde sempre há um mocinho para salvar a virgenzinha das garras da terrível corda da vida. Prometeu (os dedos cruzados). Se a verdade dói mesmo como dizem, que seja uma dor mortal. Que incomode. Atrapalhe. Azucrine. Verdades que lembram mentira são felicidades dolorosas. E ele não queria isso. Nunca quis.
Desligou o telefone e de sobressalto levou-o ao gancho. Pensou em juntar a toalha, vestir o pijama e escrever um pouco mais para a coluna de amanhã. Mas não fez isso. Sentou-se novamente na poltrona e ficou imaginando Ana. Pobre inocente vítima de um sistema que amordaça, prende e domína os alienados pela vida. Presos à gaiola de vidro, feito conserva em decomposição. Pobre Ana, pobre sistema, pobre vida - a ele apenas, bastava esperar uma nova ligação.

João Paulo Massotti - 13/01/2009

Queria escrever uma versão nova de mim mesmo, mas não consigo. Definitivamente não creio que escrever algo novo irá mudar minha vida e meus princípios. Preciso me libertar de algumas ideologias que julgo ultrapassadas e, embora eu ainda acredite nelas, há uma força interior muito grande dizendo que eu posso lutar. Mas é tão bom a trégua, a paz, o sossego.

Ando viajando demais;