Clarissa sai para comprar flores. Ela dará uma festa à noite e precisa terminar os preparativos. Embora seja a principal personagem da obra Clarissa não é a única a ter seu universo psicológico explorado. A narrativa coexiste com outros personagens como Peter Walsh e Richard Dalloway, os dois homens na vida de Clarissa. Representando suas escolhas, pois casada com Richard não consegue esquecer Peter que, surge de repente, após anos morando na Índia. Sally, amiga que na adolescência despertara muitas dúvidas sobre os sentimentos que Clarissa por ela e que, nem mesmo agora, com mais de 50 anos se esgotaram. Hugh Whitbread médico de Septimus Smith. Esse, marido de Razia, a quem suporta suas crises de loucura e insanidade, e que mais tarde cometerá suicídio, jogando-se da janela de seu quarto. E diversos outros que tornam a narrativa complexa e cheia de detalhes, coberta por fluxos de consciência constantemente marcados pela desordem dos personagens diante da realidade, ora trazendo-nos ao passado, ora voltando-nos ao futuro, o que acaba acrescentando mais realismo à obra. Neste ponto é preciso estar muito bem concentrado para não se perde nas armadilhas da autora. Clarissa é o retrato da burguesia inglesa, sempre dando festas, sempre tentando esconder a solidão, se revela enfim uma perfeita anfitriã.
Confesso que por vezes pensei em desistir de lê-lo, mas como sou teimoso e como não havia outra obra que pudesse ser substituída a tempo, resolvi termina-la. Para aqueles que se propõem a encarar uma leitura complexa e dramática eu diria que é uma ótima companhia, contudo se te feres toda vez que tens que ler um livro, qualquer que seja, recomendaria pensar duas vezes antes de encará-lo.